A Spirit Airlines obteve a aprovação do Tribunal de Falências dos EUA para um financiamento de devedores em posse no valor de US$ 475 milhões, além de um acordo significativo com seu principal arrendador de aeronaves, a AerCap. Essas aprovações são essenciais para a reestruturação da companhia aérea sob o Capítulo 11.
Esse financiamento, disponibilizado por credores de títulos da Spirit, inclui US$ 200 milhões que podem ser usados imediatamente para garantir a continuidade das operações durante o processo de reorganização.
No acordo com a AerCap, a arrendadora irá pagar à Spirit US$ 150 milhões, enquanto a companhia aérea recusará os arrendamentos de 27 aeronaves e resolverá todas as dívidas pendentes entre as partes. Essa medida faz parte da estratégia da Spirit para cortar custos fixos e simplificar sua frota.
O financiamento em questão é uma alternativa que permite que empresas sob proteção judicial mantenham suas operações enquanto se reestruturam. Para a Spirit, essa injeção de capital assegura o pagamento da folha de pessoal, a quitação de fornecedores e a manutenção dos voos regulares durante a reestruturação.
A aprovação desse financiamento ocorre em um contexto de cortes de custos e reestruturação de frota já em andamento. A Spirit planeja diminuir seu número de aeronaves em quase 100 unidades, de aproximadamente 214 atualmente em operação, o que representa uma das maiores reduções na indústria aérea norte-americana nos últimos anos. Esse ajuste visa alinhar a oferta da companhia à demanda do mercado e melhorar o fluxo de caixa durante o processo.
A empresa também começou a enxugar sua rede, prevendo uma redução de 25% em sua oferta para novembro de 2025, com cortes em diversos aeroportos, como Minneapolis-Saint Paul (MSP) e Hartford-Bradley (BDL). Essas mudanças estão integradas a um plano mais amplo de otimização que busca reduzir os custos operacionais e recuperar a rentabilidade.
Os desafios financeiros da Spirit vêm se intensificando ao longo do último ano, em parte devido à forte concorrência no segmento de companhias aéreas de baixo custo, crescente pressão das ofertas dos concorrentes Frontier e Allegiant, além de altos preços dos combustíveis e custos crescentes de manutenção de sua frota, composta inteiramente por aeronaves Airbus.
Outro revés significativo foi o bloqueio, pelo Departamento de Justiça dos EUA, da proposta de fusão com a JetBlue Airways, frustrando planos de criar uma empresa mais robusta e forçando a Spirit a se reestruturar de forma independente.
Em meados de 2025, a situação financeira da Spirit se deteriorou, com dívidas de arrendamento elevadas e dificuldades para acessar novos financiamentos. A companhia pediu proteção sob o Capítulo 11 no final de agosto de 2025, com o objetivo de renegociar contratos de arrendamento, diminuir a carga de dívidas e estabilizar o fluxo de caixa, ao mesmo tempo mantendo suas operações normais.
O financiamento recém-obtido e o acordo com a AerCap proporcionam à Spirit os recursos necessários para continuar suas operações e garantir os pagamentos aos funcionários, enquanto avança em seu plano de reestruturação. A empresa afirma que esse acordo com a AerCap permitirá uma redução significativa em seus custos operacionais e facilitará a entrega de 30 novas aeronaves no futuro.
A Spirit está também em negociações com outros arrendadores para revisar os termos de arrendamento, como parte de sua estratégia de racionalização da frota. Os diretores da companhia enfatizaram que essas ações visam criar uma operação mais enxuta e eficiente, capaz de gerar lucros no competitivo mercado norte-americano.


