As operações aéreas estão sendo drasticamente diminuídas em 40 aeroportos principais dos Estados Unidos, com uma redução inicial de 4% iniciada na sexta-feira (7) e prevista para atingir 10% até 14 de novembro. Este cenário reflete a mais severa crise aérea desde a pandemia, que começou em 2020. Com 40 dias de paralisação do governo, a Administração Federal de Aviação (FAA) foi forçada a implementar cortes de voos, resultando em mais de 8 mil atrasos e cerca de 2,2 mil cancelamentos apenas neste último fim de semana.
As limitações são uma resposta à escassez crítica de controladores de tráfego aéreo, muitos dos quais estão trabalhando sem remuneração ou se recusando a cumprir seus turnos. A Airlines for America (A4A) relata que mais de 4 milhões de passageiros foram impactados desde o início do shutdown, o que pode acarretar em perdas diárias de até US$ 580 milhões quando os cortes atingirem 10%. Esses bloqueios não só afetam o transporte de passageiros, mas também têm repercussões sobre cadeias de suprimentos.
A FAA justifica essas reduções como uma medida necessária para manter a segurança do espaço aéreo. O administrador da FAA, Bryan Bedford, destacou que “estamos observando sinais de tensão no sistema, com fadiga e exaustão entre os controladores”, enfatizando que a redução do tráfego é crucial para evitar riscos maiores.
O secretário de Transporte, Sean Duffy, reconheceu que o país atravessa uma crise sem precedentes e alertou que muitos cidadãos podem não conseguir viajar para se reunir com suas famílias no Dia de Ação de Graças, caso a situação política persista. Ele observou que os controladores estão se vendo forçados a decidir entre alimentar suas famílias ou trabalhar sem remuneração.
Uma notícia positiva é que senadores de ambos os partidos chegaram a um acordo para encerrar o shutdown. Este pacto, que assegura recursos até janeiro, foi rapidamente aprovado no Senado e agora espera votação na Câmara dos Representantes.
Impactos nos Aeroportos
As restrições afetam severamente aeroportos em cidades como Nova York, Chicago, Atlanta, Dallas-Fort Worth, Washington DC, San Francisco e Los Angeles. No último sábado, a FAA implantou programas de atrasos em solo em diversos terminais, resultando em esperas que chegaram até 282 minutos em alguns locais.
Os principais impactos foram observados nas quatro maiores companhias aéreas: American Airlines, Delta, United e Southwest, que tiveram que cancelar diversas decolagens diárias. O Departamento de Transporte dos EUA exigiu que todas as companhias oferecessem reembolsos completos ou reacomodações sem custos adicionais.
Além disso, a aviação privada também sofreu limitações, com restrições impostas a jatos particulares em 12 aeroportos importantes, forçando-os a operar em campos alternativos. Isso gerou críticas da Associação Nacional de Aviação Executiva (NBAA), que argumentou que essas restrições praticamente excluem a aviação de negócios de alguns centros estratégicos.
Pressão Política em Washington
Atualmente, o shutdown federal é o mais longo da história do país, afetando 1,4 milhão de servidores públicos, incluindo 14 mil controladores de voo. Muitos controladores não têm comparecido ao trabalho devido à situação. O impasse entre Democratas e Republicanos persiste, com acusações mútuas sobre a responsabilidade pela falta de acordo.
Com a aproximação do Dia de Ação de Graças e as festividades de fim de ano, o setor aéreo teme enfrentar uma temporada de viagens caótica, caso o shutdown não chegue ao fim em breve.

