Negociação em Andamento Pode Beneficiar a Sinopec; Executivos do Setor Aéreo Expressam Inquietações
A cadeia de suprimentos de combustível de aviação da China, que foi dissociada das forças armadas em 1980, frequentemente operou de forma discreta, servindo como um pilar logístico que sustentou o crescimento da aviação comercial no país. Atualmente, este sistema está prestes a passar por uma importante reestruturação.
A CNAF (China National Aviation Fuel Group), que exerce quase um monopólio no fornecimento de combustível de aviação para o setor civil chinês, está em negociações para se unir à gigante petrolífera estatal Sinopec, conforme informações de diversas fontes com conhecimento do processo. Essa reestruturação está sendo acompanhada pela Sasac (Comissão de Supervisão e Administração de Ativos Estatais), mas detalhes sobre como será a integração e o cronograma específico ainda não foram definidos.
Embora o casamento ainda não tenha sido oficialmente divulgado, uma das subsidiárias da CNAF, listada em Singapura, indicou em um comunicado que um desdobramento significativo estava em andamento com outra empresa. Especialistas afirmam que a Sinopec, a maior refinaria da China, deve assumir os ativos e operações da CNAF.
A questão não envolve apenas o fornecimento de combustível para os 712 aeroportos que o abastecem, mas também afetará o equilíbrio entre controle estatal e concorrência no mercado. À medida que o governo busca fortalecer a segurança energética e a eficiência, a maneira como isso se desenrola é vista com cautela.
No presente, a CNAF tem a autoridade exclusiva para o comércio de combustível de aviação civil, controlando mais de 95% da infraestrutura de abastecimento nos aeroportos. O grupo tem raízes na Força Aérea do PLA e foi formalmente estabelecido como um ente corporativo em 1990, após a separação da aviação civil das forças armadas na década de 1980.
A China se posiciona como o segundo maior mercado global para aviação civil e combustível de aviação. Em 2024, seu consumo de combustível aumentou 13%, alcançando 39,3 milhões de toneladas, apenas atrás dos Estados Unidos.
Embora a CNAF não refine petróleo, ela adquire querosene de aviação das principais refinarias estatais, como Sinopec, CNPC e CNOOC, além de importações. A Sinopec é geralmente a fornecedora principal, dado seu expressivo potencial de refino.
Com sua influência, a CNAF abastece um extenso número de aeroportos, oferecendo combustível a 585 companhias aéreas globalmente. A reestruturação, se concretizada, poderia transformar o cenário competitivo e remodelar as relações entre aeroportos, companhias aéreas e fornecedores.
Críticos alertam que a fusão pode contrariar reformas que visam separar funções monopolistas e comerciais, potencialmente consolidando o poder de um único fornecedor no mercado. Preocupações semelhantes foram levantadas por especialistas sobre o impacto negativo que a fusão pode ter na capacidade de negociação das companhias aéreas, especialmente se a CNAF se tornar parte de uma refinaria maior.
Propostas foram feitas para garantir acesso equitativo às redes de abastecimento, buscando manter a segurança energética e a diversidade na oferta.
Integração Vertical
Um relatório recente sugeriu que a fusão seria uma forma clássica de integração vertical, buscando conectar todo o ciclo de valor, desde a refinação até a logística. Em teoria, essa medida melhoraria a coordenação e eficiência, mas a resistência à proposta é significativa, pois isso poderia consolidar ainda mais o domínio da CNAF.
Apesar de ter obtido um resultado financeiro positivo, com receitas aumentando consideravelmente, críticos argumentam que o retorno à estabilização dos preços de combustíveis no mercado nacional ainda não é garantido e que a fusão pode complicar a dinâmica do setor.
A demanda por combustível sustentável (SAF), que utiliza biocombustíveis, está crescendo, oferecendo um mercado competitivo que se difere do querosene convencional, no entanto, a consolidação do abastecimento sob uma única entidade pode sufocar a inovação.
Impacto nas Companhias Aéreas
O combustível de aviação é um dos maiores custos operacionais das companhias aéreas, destacando a importância de um fornecimento estável. Atualmente, o modelo regulatório estabelece suas regras, mas a fusão pode mudar a dinâmica do mercado, tornando-se mais comercial e menos focada em proteger os interesses das companhias.
As principais companhias aéreas chinesas estão atentas ao futuro do fornecimento, cientes de que mudanças na estrutura poderiam resultar em prioridades comerciais que não beneficiariam o setor aéreo.
Dificuldades na Diversificação
A China tem tentado liberalizar o mercado de combustível de aviação, mas desafios como alta concentração de infraestrutura pelo domínio da CNAF dificultam a competição. Enquanto iniciativas de joint ventures existem, mudanças reais na estrutura do mercado ainda são uma batalha a ser travada.
A fusão em perspectiva deve ser monitorada com atenção, já que sua implementação poderá influenciar as operações no setor, afetando desde fornecedores até as próprias companhias aéreas e a dinâmica desses relacionamentos.

