EUA
Em janeiro, uma colisão envolvendo um helicóptero e um avião comissionado resultou na morte de 67 pessoas, fazendo deste o acidente aéreo mais letal em solo americano dos últimos 20 anos.
Incidente nos EUA
Carlos Barria
Na quarta-feira, a Administração Federal de Aviação dos EUA reconheceu que a tragédia, que ocorreu em janeiro envolvendo um avião comercial e um helicóptero do Exército, teve como fatores contribuintes um controlador de tráfego aéreo e um piloto militar. Este incidente é considerado o mais mortal nos EUA em mais de duas décadas.
O documento oficial referente ao primeiro processo judicial apresentado por uma das famílias das vítimas indica que a Administração é parcialmente culpada pela colisão, uma vez que o controlador não seguiu os procedimentos adequados de separação visual na noite do acidente. Além disso, o processo afirmou que a falta de vigilância dos pilotos do helicóptero em relação ao avião envolvido também contribui para a responsabilidade da Administração.
A ação legal sugere que outros, incluindo a tripulação do avião e as empresas aéreas, podem ter influenciado o resultado, apontando a American Airlines e sua parceira regional, PSA Airlines, como responsáveis pelo ocorrido. Contudo, essas empresas já entraram com ações para contestar as alegações.
Washington defende que não houve descuido
Até o momento, autoridades de Washington negaram qualquer indício de negligência por parte de controladores de tráfego aéreo ou funcionários da Administração Federal de Aviação e do Exército.
Após a colisão, ao menos 28 corpos foram recuperados das águas frias do rio Potomac, depois que o helicóptero colidiu com o avião da American Airlines, que estava pousando no Aeroporto Nacional Ronald Reagan, na Virgínia. A aeronave transportava 60 passageiros e quatro membros da tripulação, enquanto o helicóptero Black Hawk levava três tripulantes.
Robert Clifford, advogado da família de uma das vítimas, Casey Crafton, ressaltou que a Administração reconheceu a culpa do Exército pela perda desnecessária de vidas e a falha da FAA em seguir os procedimentos de controle de tráfego aéreo, enquanto também admitia que outras partes, como a American Airlines e a PSA Airlines, tiveram papel nas fatalidades.
Os advogados do Governo afirmaram no processo que os Estados Unidos reconheceram ter um dever de cuidado com os reclamantes, que foi violado, resultando na tragédia.
Um porta-voz da American Airlines não se manifestou sobre o processo, mas, em uma moção para rejeitar a queixa, a companhia alegou que a responsabilidade legal não recai sobre ela, mas sim sobre o Governo dos Estados Unidos. Ela afirmou que o tribunal deveria excluir a American Airlines da ação, ressaltando que, desde a tragédia, a empresa tem focado em apoiar os familiares das vítimas.
A ação judicial alega que as companhias aéreas não tomaram medidas suficientes para minimizar os riscos de operar perto de helicópteros em Washington, D.C., e que não treinaram adequadamente seus pilotos para lidar com essas circunstâncias.
O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes deve divulgar um relatório sobre a causa do acidente no início do próximo ano. Contudo, os investigadores já destacaram diversos fatores que contribuíram para o incidente, incluindo o fato de que o helicóptero estava voando a 24 metros acima do limite de 61 metros, em uma área que permitia apenas separação mínima entre aviões aterrissando na pista secundária do aeroporto e helicópteros que passavam.
Adicionalmente, o NTSB indicou que a FAA não reconheceu os perigos em torno do aeroporto, mesmo após 85 quase colisões registradas nos três anos que precederam o acidente.
O Governo também admitiu que estava ciente de várias situações de quase colisão envolvendo os helicópteros Black Hawk do Exército e o tráfego aéreo nas rotas 1 e 4 em torno de Washington.

