A companhia aérea de luxo BeOnd está avançando com sua estratégia de expansão. No dia 10 de dezembro de 2025, a empresa anunciou a criação de uma nova subsidiária na Arábia Saudita, tendo solicitado um Certificado de Operador Aéreo (AOC) à Autoridade Geral de Aviação Civil da Arábia Saudita (GACA).
Essa iniciativa se dá após a GACA conceder à BeOnd uma licença de transporte fretado nacional, que permitirá à companhia oferecer serviços personalizados tanto domésticos quanto internacionais em todo o Reino.
Atualmente, a BeOnd opera em dois aeroportos sauditas, fazendo a rota entre Riade (RUH) e Malé, a capital das Maldivas (MLE), e do Aeroporto Internacional do Mar Vermelho (RSI) para Milão-Malpensa (MXP). Com a emissão do AOC saudita, a expectativa é que novas rotas sejam inauguradas para atender ao crescente fluxo de turistas na região.
Poucos dias antes desse anúncio, Tero Taskila, cofundador e CEO da BeOnd, explicou à AeroTime a atual situação da empresa e sua planificação futura. Ele confirmou que a BeOnd planeja ampliar sua frota em quatro vezes nos próximos 12 meses. Atualmente, a transportadora conta com duas aeronaves (um Airbus A319 e um A321) e aguarda a entrega de seis novos aviões ao longo de 2026.
Taskila também revelou que a companhia está em negociação para arrendar até 16 aeronaves, o que representa metade do total que pretende adicionar até 2028. O objetivo da BeOnd é atingir uma frota de 56 aviões até 2030.
Esse planejamento recebeu um grande impulso em novembro de 2025, quando a BeOnd finalizou uma rodada de financiamento da Série C, levantando US$ 100 milhões de investidores privados e institucionais.
A Arábia Saudita, atualmente em um processo de investimentos para atrair um número maior de visitantes de alto padrão, apresenta à BeOnd uma oportunidade de diversificação além do mercado das Maldivas. Taskila indicou que a Índia pode ser o próximo país em que a BeOnd solicitará um AOC.
A empresa está adotando uma estratégia de múltiplos AOCs, prevendo que duas a três aeronaves sejam alocadas para cada um. Enquanto cada filial terá seu próprio registro, a BeOnd busca otimizar operações com uma equipe unificada, reduzindo riscos de mercado e sazonalidade.
Em uma manobra estratégica, a BeOnd firmou uma parceria com a New Pacific Airlines, uma operadora charter dos EUA que encerrou atividades em novembro. Essa parceria permitiria à BeOnd designar pelo menos dois A321 para sua nova aliada, que comercializaria esses voos nos EUA sob a marca BeOnd America, mantendo os mesmos padrões de qualidade.
Apesar do fechamento da New Pacific Airlines, Taskila reafirmou o compromisso da BeOnd com o mercado americano, mencionando a busca por uma nova parceria com outra operadora dos EUA seguindo o mesmo modelo.
Caso a BeOnd seja lançada nos EUA, enfrentará a concorrência de outra operadora premium, a Magnifica Air, além de outros seis projetos focados neste segmento. Entretanto, Taskila vê o aumento do interesse como uma afirmação do modelo de negócios da BeOnd.
Embora a BeOnd ainda não tenha alcançado rentabilidade, a expectativa é que isso ocorra até o final de 2026. As taxas de ocupação em suas rotas europeias superam 70%, com cerca de 30% dos passageiros utilizando os direitos da Quinta Liberdade, permitindo transporte entre diversas cidades.
Taskila também demonstrou otimismo em relação aos futuros negócios da empresa. Apesar das flutuações sazonais, os meses considerados fora de pico estão apresentando recordes de reservas, e as reservas para o primeiro trimestre de 2026 continuam crescendo.
Para enfrentar as oscilações sazonais, a BeOnd foca na realização de serviços charter, recebendo cerca de 3.000 pedidos por ano. A companhia prefere contratos de longo prazo para fretamentos corporativos, especialmente para eventos, permitindo um melhor planejamento da capacidade. Recentemente, firmou um contrato com uma operadora turística para realizar cruzeiros aéreos de luxo em diversas partes do mundo.
Como parte de seus planos de expansão, a BeOnd se prepara para inaugurar vários novos destinos, com Londres, Paris, Dusseldorf, Genebra e Roma na Europa e Hanói, Bangkok, Mumbai, Delhi e Seul na Ásia sendo possíveis novos portos de entrada.

