A Air Transat se destaca como um dos mais impressionantes exemplos de transformação entre as companhias aéreas canadenses nos últimos anos. Originalmente, a empresa era voltada quase que exclusivamente para o transporte de turistas canadenses em direção a destinos ensolarados. No entanto, após uma tentativa frustrada de aquisição pela Air Canada em 2019, a companhia passou por uma notável reinvenção.
Após uma longa batalha que durou quase dois anos, o negócio foi finalmente descartado, em grande parte devido à objeção de autoridades de concorrência da União Europeia. Não está claro em que medida isso influenciou os desenvolvimentos subsequentes, mas é inegável que, no espaço de quatro anos, a Air Transat conseguiu mudar completamente seu modelo de negócios para se manter como uma empresa independente.
Durante o World Aviation Festival, realizado em Lisboa entre 7 e 9 de outubro de 2025, a equipe da AeroTime conversou com Marc-Philippe Lumpé, COO da Air Transat. Ele comentou sobre o passado da companhia, comparando-a a operadores turísticos como a Thomas Cook. No entanto, ressaltou que, apesar de ainda manter o segmento de turismo, o foco principal agora se deslocou para um modelo de operação mais clássico, ampliando a base de clientes e a variedade de destinos.
Lumpé destacou que, embora o negócio de turismo represente uma fração menor da atuação total da empresa, ainda é um componente significativo. Ele enfatizou que uma mudança estratégica não implica encolher uma área, mas sim expandir outras.
A partir de Toronto e Montreal, a Air Transat mantém sua presença forte nas Caraíbas e no México, mas também expandiu suas rotas para a Europa e América Latina, contrastando com sua modesta oferta de serviços domésticos e a quase ausência nos EUA, exceto na Flórida. O executivo observou que o tráfego de pessoas visitando amigos e familiares (VFR) é uma parte crescente de seu público, assim como viajantes de negócios que buscam boas opções de custo.
A companhia oferece duas classes de serviço – econômica e econômica premium – e se posiciona claramente como uma operadora de serviços completos, embora tenha elementos que a caracterizam como híbrida. A estratégia de frota também foi cuidadosamente planejada para se alinhar com a nova direção da empresa. Parte dessa frota é composta por aeronaves Airbus A330 e A321, que possibilitam à companhia atender a uma variedade de destinos.
Durante o verão, a Air Transat foca em rotas para a Europa e, no inverno, redireciona suas operações para o Caribe, América Central, México e, cada vez mais, América do Sul. Além disso, a companhia firmou uma colaboração estratégica com a Porter Airlines, o que permite uma malha integrada que beneficia ambas as empresas.
Em relação ao futuro da empresa, Lumpé mencionou que a intenção é fortalecer os laços com a Porter e continuar a expandir em mercados onde atinge um desempenho positivo. A empresa também possui parcerias com a Turkish Airlines para expandir seu alcance até a Ásia. A chegada de novos A321XLRs a partir de 2027 está programada para complementar a frota já existente.
Por fim, Lumpé comentou sobre os investimentos em tecnologia, revelando que a Air Transat se tornou a primeira companhia aérea no Canadá a digitalizar completamente suas operações de manutenção, além de estar investindo em inovações na área de inteligência artificial.


