A recente edição da Revista Sociedade Militar trouxe à tona a impressionante ascensão do Brasil em segurança da aviação civil, destacando que o país ultrapassou potências como Estados Unidos e China, consolidando-se entre os cinco destinos mais seguros para voos. Essa avaliação baseia-se na auditoria USOAP da OACI, realizada em 2025, que atribuiu ao Brasil um índice de conformidade de 95,46%. Essa conquista inédita conferiu ao Brasil a liderança nas Américas, reflexo do investimento e da colaboração eficaz entre entidades como o DECEA (FAB) e a ANAC. O desempenho brasileiro não só supera a média global, mas também coloca o país na mesma categoria de nações reconhecidas por seus altos padrões de segurança, como Singapura, Emirados Árabes e Coreia do Sul.

Esse alto nível de segurança na aviação aumenta a confiança internacional, facilitando acordos e promovendo o crescimento econômico. O Brasil é agora visto como um exemplo em gestão de segurança operacional, o que é vantajoso para todos os brasileiros, tanto civis quanto militares. No entanto, a questão que persiste é se o trabalho árduo dos suboficiais e sargentos controladores de voo, que são fundamentais para esse sucesso, está sendo devidamente valorizado.

O índice de conformidade brasileiro, de 95,46%, é evidência do compromisso investido na coordenação e colaboração entre os órgãos regulatórios e operacionais do país. Entidades como o DECEA, que faz parte da Força Aérea Brasileira, e a ANAC foram cruciais para esse êxito.

O tenente-brigadeiro do ar Alcides de Oliveira, diretor-geral do DECEA, destacou a importância do trabalho conjunto em uma declaração à Agência Força Aérea, afirmando que o resultado é fruto do esforço coletivo de todo o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), que envolve a FAB, a ANAC e outras instituições relevantes. Esse reconhecimento internacional é um indicativo da excelência e do profissionalismo dos controladores de tráfego aéreo e dos especialistas em segurança operacional.

Entretanto, um artigo anterior comentou sobre a dívida salarial entre militares e civis no setor aéreo, indicando que as discrepâncias são significativas, principalmente em funções técnicas sensíveis, como a de controlador de tráfego aéreo, que é uma das mais desafiadoras enfrentadas pelos suboficiais e sargentos da Força Aérea.

O estudo revelou que a principal razão para a perda de profissionais qualificados nas Forças Armadas é a defasagem salarial em relação à inflação, fazendo com que os militares, em muitos casos, ganhem menos do que outros servidores federais e enfrentem menos oportunidades de avanço na carreira. Os dados mostraram que, em determinadas funções técnicas, os salários dos militares se igualam ou até superam os dos civis, mas em cargos como controlador de tráfego aéreo, os civis recebem remunerações consideravelmente mais altas.

Comparando a situação no Brasil com a dos EUA e da Europa, notou-se que, em praticamente todas as funções analisadas, os civis têm remuneração mais alta que os militares, evidenciando a desvalorização de funções críticas dentro das Forças Armadas.

A análise também se aprofundou nos dados da auditoria USOAP da OACI de 2025, focando nos salários dos controladores de tráfego aéreo em países que superam o Brasil em conformidade. Os números revelam uma realidade alarmante.

Na tabela abaixo, observa-se a comparação salarial entre Brasil e líderes globais:

| País | Salário Anual Médio Local | Salário Anual Médio (R$) |
|———————|——————————————-|—————————-|
| Brasil (civil) | R$ 7.000/mês | R$ 84.000 |
| Brasil (militar) | R$ 3.825/mês (início de carreira) | R$ 45.900 |
| Singapura | 105.620 SGD ≈ R$ 373.000 | |
| Emirados Árabes | 258.400 AED ≈ R$ 370.000 | |
| Coreia do Sul | 54.239.900 KRW ≈ R$ 210.000 | |

Esses dados demonstram que os salários de controladores de tráfego aéreo em Singapura e nos Emirados estão entre os mais altos do mundo, muito acima da média brasileira, que gira em torno de R$ 5 mil mensais. Na Coreia do Sul, os trabalhadores civis em posições semelhantes também desfrutam de melhores condições financeiras. O controlador de tráfego aéreo militar no Brasil, em contrapartida, percebe uma remuneração que corresponde à metade do que um civil ganha dentro do país, além de ser 87% inferior aos rendimentos de seus colegas em Singapura e Emirados Árabes, e 78% a menos que os coreanos.

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