A Airbus voltou a analisar a possibilidade de criar uma versão maior da linha A350, reacendendo a competição mundial por aeronaves de alta capacidade. O CEO da divisão de aviação comercial, Christian Scherer, confirmou essa informação na última segunda-feira (17), logo após comentários da Emirates, que estimularam o interesse por jatos bimotores mais potentes.
Durante o Dubai Airshow, a Boeing também entrou na discussão ao anunciar que está considerando estender a gama do 777X, especialmente após a venda de 65 unidades do 777-9 para a Emirates. Previamente, a Airbus já havia estudado um projeto ampliado, conhecido internamente como A350-2000, destinado a competir diretamente com o 777-9, que possui capacidade para cerca de 400 passageiros.
Scherer mencionou que a pressão de companhias aéreas tem sido um fator crucial na reavaliação do projeto. Ele destacou: “Diversos clientes solicitaram que revisássemos a possibilidade de aumentar as dimensões da aeronave, pois isso poderia ser essencial para seus planos de crescimento. É essa análise que estamos realizando”.
Esse movimento ocorre em conjunto com melhorias no A350-1000, que tem enfrentado obstáculos operacionais em climas quentes, onde os motores sofrem desgaste acelerado. Neste ano, a Airbus não conseguiu concretizar vendas desse modelo à Emirates, que optou pelo A350-900 devido a preocupações referentes ao desempenho do motor Rolls-Royce Trent XWB-97.
A Rolls-Royce está desenvolvendo atualizações para esse motor, o que, segundo Scherer, pode possibilitar o lançamento de uma versão maior do A350 e reabrir negociações com a Emirates. “Estamos satisfeitos com o desempenho comercial do A350-1000. Não abandonamos a Emirates”, afirmou ele.
A possível ampliação da linha A350 reintroduz um debate que já se arrasta por mais de dez anos entre Airbus e Boeing sobre o futuro das aeronaves de grande porte, especialmente após a retirada gradual de jatos com quatro motores. A Boeing argumenta que o novo 777X terá uma vantagem econômica, graças aos motores GE9X e ao design das asas em compósitos. Por outro lado, a Airbus acredita que a estrutura em fibra de carbono do A350 resultaria em ainda mais eficiência em uma versão maior.
Analistas opinam que o desfecho dessa competição dependerá principalmente dos avanços nos motores, aspecto crítico que influenciará alcance, eficiência e capacidade. Para o setor, um novo capítulo na rivalidade entre os dois gigantes da aviação comercial parece estar apenas começando.


