A Boeing divulgou um prejuízo de US$ 4,9 bilhões em seu balanço do 3º trimestre de 2025, resultado diretamente ligado aos novos atrasos no programa 777X, um dos projetos mais ambiciosos da fabricante norte-americana. O impacto elevou a perda trimestral para US$ 7,14 por ação (US$ 7,47 em base ajustada), ultrapassando as previsões de analistas, que estimavam custos entre US$ 2,5 e US$ 4 bilhões.
“Embora estejamos desapontados com o novo cronograma do 777X, o avião continua apresentando bom desempenho nos testes em voo. Nosso foco segue em concluir os programas de desenvolvimento e estabilizar as operações para recuperar totalmente o desempenho da companhia e restaurar a confiança de nossos parceiros e clientes”, afirmou Kelly Ortberg, CEO da Boeing.
Atrasos e nova previsão de entrega
O programa Boeing 777X, lançado em 2013, vem enfrentando sucessivos adiamentos devido a desafios de certificação e ajustes técnicos. A empresa revisou novamente o cronograma e agora prevê a primeira entrega do 777-9 apenas em 2027.
Mesmo diante das perdas, a Boeing reportou receita de US$ 23,3 bilhões, ligeiramente acima do segundo trimestre (US$ 22,7 bilhões). O fluxo de caixa operacional foi de US$ 1,1 bilhão, com fluxo de caixa livre de US$ 0,2 bilhão. O backlog total da empresa chegou a US$ 636 bilhões.
Aviação comercial atinge melhor desempenho desde 2018
A divisão de Aviões Comerciais registrou receita de US$ 11,1 bilhões, impulsionada pelo aumento nas entregas. Foram 160 aeronaves entregues no trimestre — o maior volume desde 2018 — e 161 novos pedidos líquidos, incluindo 50 unidades do 787 para a Turkish Airlines e 30 do 737-8 para o Norwegian Group.
O backlog de aeronaves comerciais soma mais de 5.900 aviões, avaliados em US$ 535 bilhões.
Em outubro de 2025, a FAA (Federal Aviation Administration) suspendeu o limite que restringia a produção do 737 MAX a 38 aeronaves por mês, permitindo que a Boeing aumente gradualmente a taxa para 42 jatos mensais. Já o programa 787 Dreamliner manteve ritmo estável de sete aeronaves por mês, com planos de expansão da unidade da Carolina do Sul.
Defesa, Espaço e Segurança: crescimento e novos contratos
A divisão de Defense, Space & Security registrou receita de US$ 6,9 bilhões e margem operacional de 1,7%, refletindo desempenho mais estável e maior volume de produção.
Durante o trimestre, a Boeing fechou contrato com a Força Espacial dos EUA (US Space Force) para reforçar a comunicação via satélite e iniciou, em parceria com a Real Força Aérea Australiana, testes de operações autônomas com o drone MQ-28 Ghost Bat.
O backlog do setor chegou a US$ 76 bilhões, sendo 20% provenientes de clientes internacionais.
Serviços globais e manutenção
A divisão de Global Services gerou US$ 5,4 bilhões em receita, com margem operacional de 17,5%, impulsionada pelo aumento no volume de serviços e mix comercial favorável.
Entre os destaques, estão o contrato com a Marinha dos Estados Unidos para reparo do trem de pouso dos caças F/A-18 e um acordo estratégico com a Korean Air para o avanço de tecnologias de manutenção preditiva.
Apesar das dificuldades do programa 777X, a Boeing encerrou o trimestre com indicadores positivos em aviação comercial e serviços, demonstrando progresso gradual na estabilização de suas operações e na recuperação de confiança do mercado global.
