O ministro dos Transportes e Logística de Moçambique, João Matlombe, reconheceu na última sexta-feira, 7 de novembro, que a aviação no país enfrenta sérias dificuldades. Ele enfatizou a importância de não repetir os mesmos erros em um contexto marcado por desafios e falta de investimentos.
Durante a abertura da Auscultação do Plano Diretor de Aviação Civil (2026-2045) em Maputo, Matlombe afirmou que o sistema de aviação moçambicano “não se encontra em boas condições” no momento. Ele destacou que o setor enfrenta diversos obstáculos e que, por vezes, é confundido com uma única companhia aérea, trazendo à tona questões relacionadas à segurança e ao desinvestimento em infraestrutura aeroportuária.
O ministro defendeu que é aceitável cometer novos erros, mas não se deve aceitar a permanência de práticas que não funcionam. Ele lamentou a falta de referências positivas no setor.
Essa declaração ocorre em um contexto em que a companhia aérea estatal LAM está passando por uma reestruturação, incluindo o aluguel de novas aeronaves e o retorno a voos internacionais. Ao mesmo tempo, houve críticas em relação às tarifas cobradas em voos domésticos.
Matlombe também expressou dificuldades em avaliar os preços das passagens, dado que novas licenças estão sendo concedidas sem um plano de negócios claro como suporte. “Cada operador é licenciado diariamente e atua como deseja, mas isso precisa de um nível de segurança para os investidores. Quando alguém investe, espera recuperar o capital, o que requer proteção”, explicou, sinalizando que essa falta de estrutura compromete a segurança dos investimentos no país.
Na sua visão, é crucial estabelecer um regulador nacional robusto que tenha a responsabilidade de organizar e regular o setor, não podendo ser apenas um observador. Ele defendeu a ideia de que todos os operadores que desejam atuar no mercado interno também devem contribuir para a atividade social.
Em relação à empresa pública ‘Aeroportos de Moçambique’, a situação financeira é preocupante, com prejuízos quase dobrando em 2024. O relatório da empresa apontou um déficit de 1.531 milhões de meticais (20,8 milhões de euros), um aumento em relação aos 849,5 milhões de meticais (11,5 milhões de euros) registrados em 2023.
Apesar dos resultados negativos, o tráfego aéreo de passageiros apresentou um crescimento de 4,16% em comparação a 2023, alcançando 2.055.435 passageiros, e o número de movimentos de aeronaves aumentou em 1,5%, totalizando 61.182. Em 2019, antes da pandemia, o país havia transportado 2.296.370 passageiros com 70.602 movimentos de aeronaves.
Esse aumento em 2024 foi atribuído ao desempenho da LAM, que representa 64% do fluxo de passageiros e superou os índices de 2023, assim como os números de 2019.


