A Delta Air Lines e a Aeroméxico solicitaram a um tribunal federal dos Estados Unidos que impeça uma ordem governamental que exige o fim de sua colaboração, argumentando que essa decisão poderia impactar negativamente as viagens internacionais e resultar em grandes perdas financeiras.
Em uma petição apresentada ao Tribunal de Apelações do 11º Circuito, em Washington, D.C., as empresas pediram aos juízes que suspendessem uma ordem de setembro de 2025 emitida pelo Departamento de Transportes dos EUA (DOT), que determina o término de sua aliança de quase nove anos. O governo anterior, sob a administração Trump, determinou que as companhias aéreas deveriam encerrar essa parceria até 1º de janeiro de 2026, citando preocupações sobre a concorrência no âmbito das rotas EUA-México.
As aéreas alegaram que a decisão do DOT é arbitrária e que prejudicará não apenas os passageiros, mas também os funcionários e as comunidades dependentes da parceria. A Delta informou ao tribunal que suas operações enfrentariam sérias interrupções, mencionando já ter cancelado dois voos entre os EUA e o México e que poderia precisar reduzir ainda mais seus serviços no verão de 2026, caso a ordem se mantenha. A Aeroméxico, por sua vez, indicou que teria que realocar sua equipe, contratar novos profissionais e reestruturar seus sistemas de tecnologia da informação para operar de maneira independente, o que geraria custos significativos e irrecuperáveis.
A decisão do DOT foi tomada após meses de tensões entre os Estados Unidos e o México sobre questões de aviação. Autoridades americanas criticaram o sistema de alocação de slots do Aeroporto Internacional Benito Juárez (MEX), considerando-o opaco e limitador. Elas argumentam que a intervenção do governo mexicano teria restringido a concorrência e favorecido injustamente a Aeroméxico e seu parceiro americano.
A ordem do DOT retirou a imunidade antitruste das duas companhias, permitindo que elas coordenassem horários, preços e capacidade como se fossem uma única empresa nas rotas internacionais. Os reguladores alertaram que a predominância da parceria na Cidade do México, onde controlam cerca de 60% dos voos para os EUA, poderia prejudicar os consumidores de maneiras inaceitáveis.
Essa ordem seguiu o pedido do Departamento de Justiça, que apoiou o DOT na solicitação para encerrar a joint venture. As autoridades apontaram a falta de transparência na gestão dos aeroportos do México, as restrições que limitam a concorrência e as decisões do governo, como o encerramento do principal aeroporto da Cidade do México para voos de carga.
A Delta e a Aeroméxico, ambas participantes da aliança SkyTeam, iniciaram sua colaboração em 2016, após obterem autorização antitruste das autoridades dos EUA e do México. O acordo permitiu que compartilhassem receitas e organizassem rotas entre os dois países. A Delta possui uma participação de 20% na Aeroméxico, avaliada em cerca de US$ 376 milhões.
As empresas sustentam que o mercado continua extremamente competitivo, enfatizando que juntas detêm cerca de 20% dos assentos entre EUA e México, semelhante à participação da American Airlines, que possui 21%. A Delta afirma que os consumidores se beneficiaram em até US$ 800 milhões anuais devido a tarifas mais baixas, novas rotas e melhores conexões que surgiram por meio dessa parceria.
O desfecho desse caso poderá definir até que ponto o governo dos EUA pode regular alianças aéreas internacionais. Se a ordem do DOT for mantida, as companhias precisarão desvincular seus sistemas de bilhetagem, marketing e agendamento até o começo de 2026, encerrando uma colaboração que tem sido essencial nas viagens aéreas entre os EUA e o México por quase uma década.
Essa ação judicial se seguiu à recusa do DOT em atender ao pedido das companhias aéreas para atrasar a execução da ordem, e o departamento optou por não comentar sobre o recurso. A decisão do 11º Circuito sobre o pedido de suspensão deve ser divulgada nas próximas semanas.


